O homem se torna o centro de tudo e desafia as doutrinas religiosas. O racionalismo inaugurado por Descartes (1596-1650), com o seu “penso, logo existo”, coloca o homem como ser racional em oposição ao doente mental, irracional. Os transtornos mentais passam a ser um problema da ciência e por ela incluídos e explicados. As pessoas, porém, ainda eram apartadas do convívio social, mas agora enviadas para os “hospitais gerais”, antigos leprosários, para onde também iam todos os indesejados e que não seguissem as normas da razão. 
|  | Fora da curva– quando a exclusão ainda era a regra, um livreiro chamado João Cidade (que posteriormente, canonizado, se tornou João de Deus), na Portugal de 1500, tem um surto maníaco e é levado para o pátio de uma igreja onde ficavam os chamados alienados. Um dia, depois de um sonho, ele pede para que lhe tirem as correntes e passa a tratar dos doentes. Ele funda a ordem religiosa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, É uma época de referências relevantes na literatura: William Shakespeare (1564-1616) escreve sobre três célebres “loucos”, que marcaram a sua obra e o imaginário humano: Hamlet, um obsessivo que flerta com a ideia do suicídio; Macbeth, que alucina tomado pela culpa; e Falstaff, o alcoólico intenso e descontrolado.
Miguel de Cervantes, com seu Dom Quixote (1600), propõe um brilhante diálogo entre a razão e a loucura. As pessoas com transtornos mentais eram exiladas, enviadas para outras cidades ou para a morte certa. |