Suicídio: falar pode mudar tudo
10 de setembro de 2019
O silêncio, o preconceito e o tabu são comuns quando o assunto é suicídio e podem se transformar em gatilhos para pessoas que estão sofrendo. Por isso, a campanha “Falar Pode Mudar Tudo”, uma iniciativa de caráter educativo e conscientizador realizada pela Libbs e o CVV, traz o assunto à tona, com o objetivo de incentivar o diálogo em torno do tema.
Segundo a experiência de quase seis décadas do CVV, quando as pessoas conversam sobre suas tristezas e pensamentos suicidas sem se sentirem julgadas, têm mais facilidade para encontrar novas alternativas e seguir em frente. “Tentar reduzir o estigma relacionado ao assunto e incentivar o diálogo por meio de empatia e acolhimento é, de alguma forma, capacitar e estimular a própria população a fazer dentro de seu meio, o que os voluntários do CVV fazem nacionalmente”, explica Carlos Correia, voluntário e porta-voz do CVV. “A principal diferença é que no nosso caso há ainda o anonimato por parte de quem nos procura, o que deixa algumas pessoas mais à vontade para uma conversa aberta”, complementa.
A iniciativa consiste em ações on e offline para desmistificar pré-conceitos, reforçando a importância do diálogo para a prevenção do suicídio. Psiquiatras e representantes do CVV farão palestras educativas em faculdades de São Paulo para abordarem o tema. Nas redes sociais – Instagram, Twitter e Youtube –, foram criados canais informativos com o nome da campanha (@falardesuicidio), para abastecimento de conteúdo educativo, além da participação de influenciadores digitais engajados na causa.
Sobre suicídio
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em todo o mundo, a cada 40 segundos alguém se suicida. E, a cada três segundos, uma pessoa tenta se matar. O Brasil é o oitavo país do mundo em número de casos com 12 mil por ano, o que representa uma morte a cada 45 minutos. São diferentes os motivos que levam um indivíduo a tomar a decisão de acabar com a própria vida. Entretanto, 97% das pessoas possuem algum tipo de doença mental que poderia ser tratada.
“Os maiores riscos para suicídio são indivíduos que tentaram anteriormente e que têm algum tipo de transtorno mental (depressão, transtorno bipolar do humor, uso e dependência de álcool e drogas, esquizofrenia). Na mesma linha, pessoas que passam por experiências de bullying, assédios de toda espécie e burnout (estresse no trabalho), têm mais chance de tentar o suicídio. Independente da causa, falar pode mudar tudo”, explica o psiquiatra Dr. José Paulo Fiks.
Doenças clínicas com tendência à cronicidade também têm se mostrado como campo de risco, como os portadores de HIV/AIDS, câncer e doenças degenerativas. Condições sociais também podem predispor ao suicídio, como, por exemplo, isolamento social, desemprego, empobrecimento e dívidas.
Falar é importante. Ouvir também
Confira abaixo algumas dicas que podem servir de apoio para quem quer ajudar pessoas que estão passando por uma situação difícil.
Como ser um bom ouvinte?
- Crie um ambiente confortável e seguro para iniciar a conversa;
- Mantenha o olhar na pessoa (esqueça o celular por alguns minutos);
- Tenha empatia – tente compreender a dor dessa pessoa;
- Não interfira nas pausas e nem complete frases;
- Não dê opiniões pessoais com exemplos da própria experiência;
- Não faça comparações do problema dessa pessoa com a de outras;
- Não simplifique a situação com frases como “isso passa” ou “você supera”;
- Não responda a possíveis agressões;
O que dizer para quem precisa de ajuda?
- Pergunte se a pessoa está pensando em suicídio;
- Em caso de resposta positiva, pergunte o conteúdo deste pensamento;
- Diga que tem tempo para escutá-la (“sou todos ouvidos para você neste momento”);
- Ofereça auxílio para buscar ajuda médica profissional (muitas vezes é necessário ajudar a pessoa a chegar ao médico).